O título é retirado do nome de um carrossel de uma feira temporária que se instalou em Santos, durante o Inverno de 2006/2007.
As imagens intercalam cenas dos carrosséis estáticos ou em movimento, na altura em que começaram em marcha, mas circulando ainda vazios, com grandes planos das pessoas das bilheteiras, enquanto aguardam os primeiros clientes.
O vídeo pretende explorar a estranheza desta hora em que toda a parafernália de cores, movimento e sons de todos os carrosséis em movimento contrastam com a ausência de clientes e os olhares expectantes e perdidos das pessoas das bilheteiras. Este território de transição é acentuado pela hora de filmagem, o crepúsculo, quando as luzes já brilham contra um céu cinzento. Nota-se ainda a tensão entre uma estrutura radiante de luz e som, que ocupa transitoriamente um vazio da cidade, e a estrutura cinzenta da cidade que cenariza, em fundo, grande parte das cenas.
Este vídeo é ainda sobre a solidão, a solidão destas gentes das feiras que deambula em casas de rodas, famílias inteiras ou, às vezes, só um pai e um filho, mundos entrópicos sem oportunidade de lançar raízes sobre os lugares que pisam, nem estabelecerem relações, nem darem uma escola aos filhos ou sequer a oportunidade de fazerem amigos.